Eis o resultado das interpelações feitas a alguns dos seus tripulantes e passageiros. As respostas é que não cabem na cabeça de ninguém!

Terça-feira, 28 de Dezembro de 2010

Hoje, tinha a intenção de ir falar com a Bianca, que é uma das geólogas da Nave dos Loucos, mas já não vou. Aliás, não voltarei a fazer perguntas seja a quem for. Algo dentro de mim me diz que, quando tiver de saber alguma coisa, que seja fundamental para o meu despertar, a intuição mo dirá. Mais: eu sei que, se tivesse muitíssimo desenvolvido, a minha intuição dir-me-ia praticamente tudo. Portanto: silêncio, disponibilidade e entrega. Para quê andar neste corrupio destrambelhado questionando toda a gente? Acho que chega. A partir de hoje é só comigo. Portanto, acabou-se a conversa.

 

 

Muito obrigado a todos os que passaram por aqui para ler e deixar comentários sobre as aventuras e desventuras deste intrépido passageiro da Nave dos Loucos. Foi uma forma de brincar com coisas que consideramos essenciais. Daí o facto de termos brincado com elas. Continuamos em www.embuscadalucidez.com

publicado por Gerador de posts às 14:44

Quinta-feira, 23 de Dezembro de 2010

Andava eu de dedo entrapado (por causa da bicada da arara do Turner, com quem tive a última conversa) quando, devido à minha gaguez de infância, optei por ter umas sessões com Yao Ming, que é um dos terapeutas da fala da Nave dos Loucos. E para ele poder aperceber-se de até onde ia a minha disfunção, atirei-lhe uma pergunta: “És capaz de me explicar o que é que é, afinal, a liberdade?” Ele, sem fazer referência ao tempo que eu levei a dizer tão poucas palavras, respondeu, pausada e claramente:

 

 

 

Yao Ming no relax

 

 

Sobre isso havia muito que dizer. O mais importante, porém, é que a verdadeira liberdade não é ires aonde te apetece; a verdadeira liberdade é não teres vínculos de espécie nenhuma, nem sequer com o Deus. Tu não estás aqui para criar vínculos; estás aqui para recuperar a noção de que és uma “partícula” de Deus! Se achas que tens um vínculo com Deus, é porque não O tens sobre o teu altar interno. Se tivesses, não terias essa noção de vínculo; em vez disso, terias uma clara consciência de Quem és. Ou seja, a partir do momento em que considerares Deus internamente, o vínculo passa a ser contigo mesmo. Com quem havia de ser? A partir desse dia, começarás a ver os outros como criaturas que também poderiam ter um vínculo com eles mesmos. Com quem havia de ser? Mas não tardarás a dares-te conta que a maioria, infelizmente, não o tem. Têm um vínculo mas é com a parceria dos seus sonhos, que não há meio de encontrarem! Mas tu compreendes como as pessoas estão condicionadas por toda a sorte de “programações”, que nada têm a ver com o que elas realmente são. E, ao compreenderes, não criticas nem gozas com elas; sorris amorosamente e com compaixão, porque o que está exposto no teu altar interno impede que lhes apontes o dedo.

 

Aleluia! Finalmente, uma pessoa que diz “Deus” em vez de “Espírito”! Foi muito encorajador. Contudo, quando acabou aquela primeira sessão com o terapeuta da fala, fui para o meu beliche a pensar como é que raio se põe Deus seja onde for! Então ele não está em toda a parte?

publicado por Gerador de posts às 08:49

Terça-feira, 21 de Dezembro de 2010

Andava eu a magicar se a forma como a minha vida tem vindo a decorrer era da minha responsabilidade, quando dei de caras com o Turner, que é um dos veterinários da Nave dos Loucos. Como, na véspera, tinha visto mais uma reportagem televisiva a puxar ao choradinho, aproveitei para lhe perguntar: “Ouve lá. Tu que gostas de animais, podes explicar-me porque é que não dão notícias positivas? É que fico preocupado.” Ele coçando o piolhinho na cabeça da arara que trazia ao ombro, respondeu tranquilamente:

 

 

 

Turner, na praria com o Piruças.

 

Então tu não percebes que é para estimular o medo das pessoas, para que elas se sintam cada vez mais inseguras e ameaçadas? Ainda não te apercebeste desta estratégia? O objectivo é criar uma nuvem de medo, tão grande e tão densa, que seja capaz de entorpecer as vontades e contrair os desejos das pessoas. E tem tido grande sucesso. Olha, contigo está a resultar! Já viste como quase toda a gente anda deprimida? Quanto a ti e à tua preocupação com o “estado na nação”, sugiro que trates de arranjar outra maneira de estar. Mas fica sabendo que isso implica outra maneira de ser, o que dá imenso trabalho e requer uma enorme perseverança. Julgavas que era assim do pé prà mão? Se julgavas, desilude-te! Repara: se te identificas com a imagem do Sol encoberto pelas nuvens, jamais te identificarás com a imagem do Sol a brilhar! Por acaso, já reparaste que só existem nuvens a encobrir o Sol para quem está do lado das nuvens? Eleva-te tu acima delas e verás que não há o que encubra o Sol!

 

C’um caneco! Como vou eu elevar-me acima das nuvens se não tenho avião? Continuo com muita dificuldade em entender esta gente. Bom, despedi-me do Turner um bocado abalado, mas tentei disfarçar o enfado fazendo uma festinha na arara. Para cúmulo do azar, levei uma bicada que quase me arrancou uma unha! É a minha sina, que hei-de fazer?

publicado por Gerador de posts às 06:48

Quinta-feira, 16 de Dezembro de 2010

Não sei porquê, achei que um astrólogo poderia ajudar-me a esclarecer algumas dúvidas. Não percebi este impulso até porque me parece que a astrologia, a julgar pelos “horóscopos” das revistas, é uma grandessíssima treta. Mas como me disseram para concretizar as vontades, pus-me a pesquisar. Não tardei a encontrar o Jean Paul, que, segundo dizem, é um dos melhores astrólogos da Nave dos Loucos. Marquei um encontro com ele e, quando acabámos de beber o nosso cafezinho, perguntei-lhe qual era o verdadeiro significado de “crise”. Sorrindo, por ter percebido que, finalmente, tinha encontrado um ouvinte atento, respondeu:

 

 

 

Jean Paul à hora do descendente.

 

O sofrimento existe porque os períodos de crise não são reconhecidos como oportunidades de transformação. Genericamente falando quem experimenta uma situação de crise – e quem não experimenta? - tudo faz para manter as coisas como estão, criando assim montes de resistências à mudança. Ou seja, não deixa sair o que quer partir e não acolhe o que quer entrar! Assim, o que necessita de canais desimpedidos por onde possa fluir fica bloqueado, gerando dores e desconfortos de todos os tipos. Se partires do princípio de que o que dói é o que precisa de ser mudado, não errarás muito. Se mudares os aspectos da tua maneira de ser que precisam de renovação, reduzes consideravelmente o desconforto. Mas não. Como o avestruz, enfias a cabeça na areia e esperas que a crise passe! Não te apercebes, porém, que, entretanto, estão a ocorrer alterações em níveis não abrangidos pela tua consciência, as quais determinam que nada voltará a ser como era antes. Ao rejeitares essas “actualizações dos sistemas” internos, cavas um fosso entre o que, em ti, realmente é e o que tu achas que é. Poderás resistir - e normalmente resistes - mas não serve de nada. E quanto mais resistires, pior.

 

Confesso que, mais uma vez fiquei assustado. Mais a mais porque a conversa não me ajudou a alterar a minha impressão acerca da astrologia e dos astrólogos. Será que o defeito é meu?

publicado por Gerador de posts às 21:32

Terça-feira, 14 de Dezembro de 2010

Uma semana depois da conversa com Monet, o dentista, voltou-me a vontade de continuar a pesquisar as razões da minha infelicidade. Para isso contribuiu o ter encontrado Worwick, uma das dactilógrafas da Nave dos Loucos. Estava ela a limpar, com limpa-vidros, o ecrã do seu computador quando lhe perguntei: “Olha lá, tu és da família da Dionne?”. E ela: “Não, porquê?” E eu: “Por nada. O que eu queria mesmo saber era se o despertar da mente para o caminho espiritual conduz a transformações emocionais?” Ela, deitando o lenço de papel, todo sujo, para o caixote do lixo, respondeu:

 

 

 

Worwick, com o namorado.

 

Segundo me parece, essas transformações são inevitáveis. Contudo, talvez tu gostasses de expandir a consciência continuando na mesma, sem alterar a estrutura dos padrões de comportamento. Será que queres deixar de ser a Bela Adormecida, mas não te dispões a receberes o beijo do Príncipe, que te despertará? O Príncipe da história é o Grande Espírito, que sempre esteve contigo. Mas ele só «dá o beijo» nos adormecidos que estão receptivos, pois não pode acordar quem não quer acordar. Meu amigo, tu não acordas porque alguém gostaria que tu acordasses. Cada um tem o seu próprio momento. E não vale a pena forçar. Contudo, a intenção de acordar e começar a ver as coisas de outra maneira implica autotransformação. Esse processo renovador, porém, ao contrário do que muitos ingénuos pensam (a espiritualidade está cheia deles!) pode ser longo e desagradável. Atenta no que eu te digo: não acredites se te disserem que recebes a chave da Sala da Paz, do Amor e da Abundância, através de uma “iniciação” de vinte minutos.

 

Não percebi grande coisa do discurso da dactilógrafa Worwick, mas apeteceu-me dizer-lhe que ela não precisava de dizer as coisas daquela maneira. Quem a ouvisse poderia pensar que certos “instrutores espirituais” iludiam os incautos com promessas aliciantes. Seria realmente assim?

publicado por Gerador de posts às 08:13

Quinta-feira, 09 de Dezembro de 2010

Vivo rodeado de muita gente que não interessa a ninguém, mas, felizmente, ainda vou encontrando pessoas de quem posso tirar algum proveito. É o caso do Monet, que é um dos dentistas da Nave dos Loucos. Foi por isso que, quando ontem o encontrei, logo aproveitei para lhe perguntar se ele sabia qual era a maneira mais fácil de lidar com o impulso da vontade. Ele, inspeccionando as suas unhas, respondeu:

 

 

 

 

Monet, a descansar.

 

Olha, amigo, quanto a essa questão da vontade, o melhor que há a fazer é manifestá-la. Ou seja, sem perderes a base do bom senso, não te reprimas. Sabes porquê? Porque algo em ti sabe perfeitamente o que é conveniente para ti. Esse «algo» é o teu coração, como se costuma dizer. Ele é o símbolo da tua essência, que, no silêncio e na quietude – e não no meio da chinfrineira com que gostas de te rodear – tudo faz para dar uma boa orientação aos teus passos. Assim tu deixes! Podes não acreditar, mas esta é a forma de não cometeres tantos erros. Se queres que te diga, trata mas é de manifestar as tuas vontades claramente. E, já agora, sem medo do desconhecido e das consequências que delas possam resultar. Digo-te isto porque eu já sei que, se estiveres distraído, começas logo a projectar consequências assustadoras. É a tendência natural. Mas quem te garante que assim será? Habitua-te a encarar as coisas pelo lado positivo. No meio da insanidade deste mundo, não é fácil, mas é possível. Nunca te esqueças de que a vontade – não o desejo - sempre te levará ao encontro daquilo que precisas de experimentar e de aprender. Mas é preciso que te afoites.

 

Quanto mais me dizem para ser afoito, mais eu me encolho! Tem sido assim ao longo de toda a minha vida. Monet, o dentista, não me aplicou a sua broca odontológica, mas foi quase como se a tivesse usado. Fruto da conversa, saí dali com um zumbido nos ouvidos que me fazia lembrar esse instrumento de tortura!

publicado por Gerador de posts às 08:33

Terça-feira, 07 de Dezembro de 2010

Não vem ao caso, mas sempre confesso que a costeleta de ontem me caiu muito mal. Às três da manhã ainda estava na cama a arrotar a olho frito. Claro que me levantei tarde. Andava eu a passear, a ver de desinchavam as olheiras, quando encontrei o Guevara que é um dos farmacêuticos da Nave dos Loucos. Desesperado, perguntei-lhe: Que devo eu fazer para passar a acreditar em Deus?

 

 

 

Guevara, na conversa.

 

Rindo-se descaradamente, o Guevara respondeu: Não tens de fazer nada! Estás interessado em acreditar em Deus? Mas… qual Deus? O que entendes tu por «Deus»? Seja como for, pouco importa. Basta que acredites na tua versão de «Deus», a expresses sinceramente, para seres um exemplo daquilo em que acreditas. Esta é melhor forma de sentires que acreditas em algo que te transcende. Mas fica quieto. O tempo do missionarismo já vai longe. Não te ponhas a convencer alguém a «acreditar em Deus», pois é uma tarefa complicada. Se te armas em missionário, é provável que acabes por chegar a conclusão de que é tempo perdido. Faz como eu, simplifica! Lembra-te: no dia em que alguém estiver pronto para «acreditar em Deus», como tu dizes, isso acontecerá naturalmente. Não precisará de quem o convença. De qualquer forma, se vieres a investir na «conversão» de alguém pergunta-lhe primeiro se ele quer passar a «acreditar em Deus». Por favor, evita persuadir ou convencer seja quem for a «converter-se» só porque tu achas que tal deve acontecer. É perfeitamente possível passares a viver feliz, em paz e irradiando Luz – que é o que interessa - sem «acreditares em Deus». Basta que te reconheças como um ser composto por uma parte terrena e outra supra terrena, as quais provêem da mesma fonte. Não será isso a mesma coisa do que acreditar a Deus?

 

Eu meto-me em cada uma! Quem me manda a mim andar por aí a chatear toda a gente com perguntas, quando a ressaca do alho frito me chegava perfeitamente? É muito bem feito, qu’é pra aprenderes!

publicado por Gerador de posts às 10:01

Quinta-feira, 02 de Dezembro de 2010

Levei que tempos para me livrar dos efeitos da conversa de ontem. Mas algo me estimula no sentido de continuar a procurar as razões do meu desencanto e infelicidade. Ontem, quando estava na fila para levantar dinheiro, chegou a Minneli, que é uma das tradutoras da Neve dos Loucos. Como tínhamos uma data de gente à nossa frente, perguntei-lhe: Olha lá, porque é que parecemos galinhas tontas, sem qualquer noção do rumo a seguir?

 

 

 

Minneli, desconfiada com o fotógrafo.

 

A minha amiga respirou fundo, rodou o cartão do multibanco entre os dedos e, sem pestanejar, respondeu: Meu caro, a questão não é «porque é que…», é saber «para que é que…»! Tu sentes-te uma galinha tonta para aprenderes a orientar-te, para reconheceres que tens uma bússola interna que te ajuda a ler, como deve de ser, o teu mapa pessoal. Não precisas de chegar ao desconforto para dizeres «basta» ao jogo da galinha tonta. Estás neste jogo para aprenderes a reconhecer para que lado é que te deves virar. Mas que não sejas tu, enquanto mera consciência terrena, a decidir qual o rumo a tomar. No fundo, tu já conheces a solução para os teus problemas, mas não acreditas nelas, porque ainda julgas que o coração mente. Todavia, mesmo que aceitasses essas soluções, tal não garantia que viesses a pôr em prática! Por isso é que te pões a perguntar: «Como é que eu sei que isto está certo?» O que o teu coração te diz – e tem dito sempre, mas tu não ouves - é para acabares com esse medo! Como? Simples: abdica das tuas desgraças e conquistas, sabendo que foram apenas movimentos de sobrevivência e não de real crescimento. Despoja-te da tua história e entrega-te. Depois, prepara-te para, nos primeiros tempos, ficares completamente desorientado! Esquece-te do que fizeste e do que deverias ter feito mas não fizeste. Deixa de enaltecer as tuas glórias e lamentar as derrotas. Pensar que alguém ganha ou perde alguma coisa nenhuma, é um erro de visão de quem é espiritualmente míope!

 

Pior a emenda que o soneto! Esta gente tem cada uma! Se eu me esquecer do que fiz de bom, vou ficar pior do que já estou. Seja como for, agradeci à Minneli por me ter ajudado a passar o tempo de espera na fila no multibanco. Introduzi o cartão na ranhura, levantei dinheiro e fui comer uma costeleta.

publicado por Gerador de posts às 13:58

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