Não sei porquê, achei que um astrólogo poderia ajudar-me a esclarecer algumas dúvidas. Não percebi este impulso até porque me parece que a astrologia, a julgar pelos “horóscopos” das revistas, é uma grandessíssima treta. Mas como me disseram para concretizar as vontades, pus-me a pesquisar. Não tardei a encontrar o Jean Paul, que, segundo dizem, é um dos melhores astrólogos da Nave dos Loucos. Marquei um encontro com ele e, quando acabámos de beber o nosso cafezinho, perguntei-lhe qual era o verdadeiro significado de “crise”. Sorrindo, por ter percebido que, finalmente, tinha encontrado um ouvinte atento, respondeu:
Jean Paul à hora do descendente.
O sofrimento existe porque os períodos de crise não são reconhecidos como oportunidades de transformação. Genericamente falando quem experimenta uma situação de crise – e quem não experimenta? - tudo faz para manter as coisas como estão, criando assim montes de resistências à mudança. Ou seja, não deixa sair o que quer partir e não acolhe o que quer entrar! Assim, o que necessita de canais desimpedidos por onde possa fluir fica bloqueado, gerando dores e desconfortos de todos os tipos. Se partires do princípio de que o que dói é o que precisa de ser mudado, não errarás muito. Se mudares os aspectos da tua maneira de ser que precisam de renovação, reduzes consideravelmente o desconforto. Mas não. Como o avestruz, enfias a cabeça na areia e esperas que a crise passe! Não te apercebes, porém, que, entretanto, estão a ocorrer alterações em níveis não abrangidos pela tua consciência, as quais determinam que nada voltará a ser como era antes. Ao rejeitares essas “actualizações dos sistemas” internos, cavas um fosso entre o que, em ti, realmente é e o que tu achas que é. Poderás resistir - e normalmente resistes - mas não serve de nada. E quanto mais resistires, pior.
Confesso que, mais uma vez fiquei assustado. Mais a mais porque a conversa não me ajudou a alterar a minha impressão acerca da astrologia e dos astrólogos. Será que o defeito é meu?